Entenda o caso do livro que defende <br> falar português errado como normal

publicado em 31/05/2011 às 05h50: atualizado em: 31/05/2011 às 08h10 A obra foi distribuída para 484 mil alunos de 4.236 escolas no modelo supletivo

ReproduçãoReprodução Autora de livro polêmico defende que alunos podem falar do "jeito errado", mas devem dominar norma culta


"Nós pega o peixe" ou "os menino pega o peixe". Para os autores do livro de língua portuguesa Por uma Vida Melhor, da coleção Viver, Aprender, adotado pelo MEC (Ministério da Educação), o uso da língua popular - ainda que com seus erros gramaticais - é válido.

Em um trecho do livro os autores lembram que, caso deixem a norma culta de lado na comunicação oral, os alunos podem sofrer "preconceito linguístico".

- Você pode estar se perguntando: "Mas eu posso falar os livro?". Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas.

O livro foi distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos a 484 mil alunos de 4.236 escolas, informou o MEC. Em nota enviada pelo ministério, a autora Heloisa Ramos diz que é preciso deixar de lado a conotação de certo e errado na língua e adotar os termos adequado ou inadequado.

- O importante é chamar a atenção para o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso da língua adequado e inadequado, dependendo da situação comunicativa.Como se aprende isso? Observando, analisando, refletindo e praticando a língua em diferentes situações de comunicação.

Defesa do livro

O ministro da Educação, Fernando Haddad, defendeu a abordagem usada pelo livro de alfabetização de adultos, que defende o uso da norma popular e erros de concordância em situações de fala.

No texto, a autora da obra defende que os alunos podem falar do “jeito errado”, mas devem dominar as regras da norma culta e ter atenção quanto ao seu uso. Para o ministro, acusação de que o livro “ensina a falar errado” é um equívoco.

- O livro parte da situação da fala, mas induz o jovem a se apropriar da norma culta. Os críticos infelizmente não leram o livro, fizeram juízo de valor com base em uma frase pinçada do contexto.

*Com informações da Agência Estado

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