Mais uma vez, pelo terceiro ano seguido, o vestibular da Fuvest não vai usar a nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A informação foi confirmada ao R7 por Telma Maria Zorn, pró-reitora de graduação da USP (Universidade de São Paulo), nesta quinta-feira (2) após coletiva de imprensa sobre as mudanças no processo seletivo.
- O Enem precisa de estabilidade. Não podemos pôr a Fuvest em risco.
A decisão da USP difere das outras grandes universidades do país. A Unicamp, por exemplo, que também estava há dois anos sem considerar o Enem, comunicou no último dia 23 a intenção de aproveitar a nota do exame, caso os pontos dos candidatos sejam divulgados até o dia 15 de janeiro.
Mudanças na Fuvest
Para a pró-reitora de graduação, as mudanças na Fuvest não vão deixar a prova mais difícil. No entanto, ela admite que o processo para ingressar na USP vai ficar mais complexo com o objetivo de privilegiar os estudantes de qualidade.
- Não houve modificação na essência [do vestibular], mas sim um ajuste em prol da qualidade do aluno.
A mudança mais polêmica dentro do conjunto de novas regras aprovadas ontem pelo Conselho de Graduação da USP é o aumento da nota de corte de 22 para 27 pontos.
Para Telma, a novidade tem objetivo de eliminar na primeira fase os vestibulandos que não passariam pela segunda etapa do vestibular de qualquer forma. - Não houve modificação na essência [do vestibular], mas sim um ajuste em prol da qualidade do aluno.
De acordo com a pró-reitora, a nota de corte de 22 pontos possibilita hoje que um em cada dez alunos acerte o número mínimo de questões exigidas somente ao fazer a prova, ou seja no chute. Com a nova nota de 27 pontos, esse percentual sobe para um em cada 100.
- Isso é qualidade. No fundo, por experiência, sabemos que esses alunos não passariam na segunda fase.
Além disso, Telma Maria Zorn também falou sobre a inclusão da nota da primeira fase no resultado final do vestibular, outra mudança que já passa a valer no vestibular deste ano.Até então, o resultada da prova de conhecimentos gerais servia apenas para selecionar os candidatos para a segunda fase. A nota era descartada na avaliação final que somava o resultado de todas as etapas.
- O aluno passa a ser avaliado como um todo. Nada é desprezada. Agora todas as etapas são somadas e o conjunto não é afetado.
Outra nova regra que vai privilegiar os estudantes com as melhores notas é o fator K, índice que define o máximo de alunos que podem ser aprovados para a segunda etapa. Telma explicou que a média da nota de todos os alunos que prestaram para determinada carreira é que vai determinar qual será o número de estudantes que vai passar para a segunda fase.
A partir da aprovação, este número pode variar entre dois e três, inclusive, sendo fracionado conforme a média do curso. O que significa que em alguns casos, o fato K poderá ter valor de 2,5. Ao contrário do ano passado, em que este número estava fixado em três por vaga.
-[No método antigo] Dava a impressão de que você estava chamando mais [candidatos], mas de fato isso não mudava o resultado. A prática mostra que numa carreira com baixo desempenho, os alunos que passariam para a segunda fase no sistema de três por vaga continuavam sem ser aprovados [nas outras etapas].
A nova medida também tem o objetivo de melhorar a qualidade de correção na segunda fase, como admitiu a pró-reitora. De acordo com ela, neste ano, eles precisarão corrigir 5% menos provas, já que o fator K deve diminuir o número de candidatos na etapa seguinte.
- Assim, você pode ter melhor desempenho dos corretores. Você aumenta eficiência e a qualidade. E os resultados vão sair mais rápidos.
Fora isso, a prova do segundo dia da segunda fase terá menos questões que nos anos anteriores. Em vez de 20, serão apenas 16, pois o tempo de quatro horas não estava sendo suficiente para que os candidatos conseguissem terminar o exame.
- 80% dos alunos ficavam até o último minuto fazendo a prova.
Também na edição de 2012, os vestibulandos vão poder disputar as vagas remanescentes de outros cursos após a terceira chamada. Com essa mudança, estes que ficaram de fora do curso preferido poderão escolher entrar em vagas ociosas, já que a distribuição dessas vagas será feita com base nas médias dos vestibulandos.
Questionada se isso não beneficiaria principalmente os melhores alunos, Telma minimizou o fato ao dizer que no ano passado, após a terceira chamada, 98% das vagas estavam ocupadas e que esse número gira em torno de apenas 235 vagas.