Governo abre investigação por erros <br> em 7 milhões de livros escolares

publicado em 07/06/2011 às 10h51: CGU quer punir os culpados pela compra das obras, que custaram R$ 13,6 milhões

Marcello Casal Jr/ABr - 05/05/2011Marcello Casal Jr/ABr - 05/05/2011 O ministro da Educação, Fernando Haddad, reconheceu erro em 7 milhões de livros


A CGU (Controladoria-Geral da União) abriu uma sindicância e uma auditoria para identificar e punir os culpados pela compra de livros didáticos com erros graves distribuídos pelo MEC (Ministério da Educação) para escolas públicas da zona rural. 

Com 35 volumes, a coleção Escola Ativa ensinava, por exemplo, que 10 menos 7 é igual a 4 ou que 18 menos 6 é igual a 6. Para apurar as responsabilidades, foram iniciadas duas investigações. Nenhuma delas, porém, vai ouvir o ministro da Educação, Fernando Haddad.

O ministério reconhece os erros nos 7 milhões de livros impressos para servir de material de apoio às aulas no campo. Ao todo, o governo pagou R$ 13,6 milhões pela impressão das obras. No total, 200 mil coleções do modelo Escola Ativa, com 35 livros cada uma, foram impressas e distribuídas.

Há outros erros, como páginas em branco, textos sem continuidade e tabuadas erradas.

Em comunicado oficial, o MEC reconhece que “erros de diagramação, editoração e revisão” foram constatados em fevereiro, por especialistas contratados pelo órgão. Com isso, “os professores de educação no campo foram orientados, então, a utilizar somente livros didáticos em suas aulas”.

Embora a distribuição da coleção com erros graves tenha ocorrido no segundo semestre de 2010, e o caso tenha sido descoberto no início deste ano, somente na semana passada o ministério decidiu comunicar o ocorrido à CGU. A ação do MEC ocorreu dias depois de a imprensa pedir informações sobre a coleção cheia de erros.

Distribuição

Os livros com erros foram distribuídos a 39.732 classes multisseriadas da zona rural, presentes em 3.109 municípios de todos os Estados do país. Segundo o MEC, essas classes atendem a 1,3 milhão de alunos. A coleção foi retirada do ar na internet.

O ministro admitiu, na última sexta-feira, que o número de erros era tamanho que não se resolveria o problema com uma errata. O ministro reconheceu ainda que a revisão havia sido muito malfeita.

A CGU terá 30 dias, renováveis por mais 30, para concluir a sindicância. Responsáveis poderão ser punidos com suspensão até demissão do cargo. A auditoria, por sua vez, vai avaliar os prejuízos aos cofres públicos. De acordo com a assessoria, não há prazo para a conclusão da auditoria.

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