Após novo erro em livro didático, Senado <br>deve convocar ministro da Educação

Daia Oliver/R7Daia Oliver/R7 Ministro da Educação enfrenta polêmica causada por livros com erros


Após a polêmica do kit anti-homofobia e a discussão causada por um erro de gramática em um livro, o ministro da Educação, Fernando Haddad, deve ser convocado para dar explicações ao Senado sobre o último episódio envolvendo a pasta - o guia de matemática que ensina que 10-7=4 e que 16-8= 6.

A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) pretende apresentar um requerimento à Comissão de Educação da Casa para que Haddad dê explicações sobre os livros com erros distribuídos a mais de 39 mil classes da zona rural do país pelo programa Escola Ativa.

Os erros foram detectados no início do ano, e um grupo de especialistas julgou que eles eram tão graves que não bastava divulgar uma “errata” à coleção. A pedido do Ministério da Educação, a Controladoria-Geral da República deve abrir sindicância nesta segunda-feira (6) para investigar o caso.

Para a senadora tucana, “são erros básicos, grosseiros”. Antes da polêmica envolvendo o livro de matemática, já havia causado repercussão o caso da obra Por uma vida melhor, que em um trecho traz a expressão “nós pega o peixe”.

- A ideia que passa é que há um problema de gestão no MEC, embora o ministro não admita. O contribuinte brasileiro está pagando por esses erros.

Nesta sexta-feira (3), o secretário-executivo da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, André Lázaro, entregou uma carta de demissão à ministra da pasta, Maria do Rosário. Ele alegou “motivos pessoais”.


Lázaro era o chefe da Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) do Ministério da Educação quando foi realizada a edição e distribuição dos livros com erros. A pasta informou que a equipe editorial da Secad responsável pela revisão do livro também já foi substituída, com a chegada da atual secretária, Cláudia Dutra.

Nos próximos dias deve haver uma reunião no ministério com os coordenadores do programa Escola Ativa para definir como o problema será contornado sem que os exemplares sejam desperdiçados.

Para Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o erro é imperdoável.

- O MEC e os governos estaduais precisam melhorar os mecanismos de controle de qualidade.

Distribuição

No segundo semestre de 2010, foram distribuídos com erros graves 200 mil exemplares do Escola Ativa, material destinado a classes multisseriadas que reúnem numa única sala alunos da 1ª à 4ª série. Foram impressos, ao todo, 7 milhões de livros - cada coleção do Escola Ativa contém 35 volumes.

A última versão da coleção do Escola Ativa teve a impressão encomendada à gráfica Posigraf, de Curitiba. Segundo registro no Portal da Transparência, site mantido pela CGU (Controladoria-Geral da União), o trabalho custou aos cofres públicos R$ 13,6 milhões. A reportagem não localizou os donos da gráfica.