
Uma reportagem publicada nesta sexta-feira (20) pelo diário americano The New York Times relata o que chama de "revolução" das babás no Brasil, com o aumento dos salários e da mobilidade social na profissão.
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Intitulada "Babás ascendentes chegam à classe média brasileira", a reportagem diz que essa revolução "está destruindo o estereótipo colonial da ajuda doméstica barata, mas dedicada, na América Latina".
- Conforme aumentam suas expectativas por uma melhor qualidade de vida, as babás estão cada vez mais procurando trabalhar para os muito ricos e se tornando menos acessíveis para muitas famílias de classe média.
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Para o jornal, a situação vem criando tensões sociais num país em que mais mulheres vêm entrando no mercado de trabalho sem ter o acesso aos desenvolvidos sistemas de creches que existem em algumas nações industrializadas.
- Estão se apagando rapidamente os dias em que babás vestidas de branco trabalhavam por um salário humilhante, com apenas dois dias de folga a cada 15 dias. Babás mais qualificadas estão se recusando a trabalhar nos fins de semana e exigindo salários que são de duas a quatro vezes maiores do que ganhavam há apenas cinco anos.
Apartamento, casa e terreno
A reportagem cita o economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas, segundo quem os salários médios das babás subiram 34% em termos reais entre 2003 e 2009 - mais que o dobro da média geral dos trabalhadores brasileiros -, enquanto a carga de trabalho caiu 5% - para 36,2 horas por semana.
Segundo Neri, a situação reflete a ascensão da classe média brasileira, que cresceu de 37% da população, em 2003, para 55% em 2010.
A reportagem cita exemplos como o da babá Andreia Soares, de 39 anos, que, com um salário de cerca de R$ 5.000 mensais trabalhando para uma família de classe alta de São Paulo, conseguiu ganhar dinheiro suficiente na profissão para comprar um apartamento de dois quartos, uma casa para a mãe e um terreno para o irmão e já planeja a compra de um carro que custa mais de R$ 60 mil.
Apesar do progresso, o jornal observa que "alguns economistas estão céticos sobre quanto tempo mais a revolução pode durar".
Neri lembra que os brasileiros ainda têm um nível educacional baixo, e Rodrigo Constantino, economista da consultoria Graphus Capital, disse que a falta de investimentos em educação no Brasil deve impedir que muitos trabalhadores domésticos encontrem outros trabalhos mais bem remunerados.Ele adverte ainda que os incessantes pedidos de aumentos salariais podem alimentar a inflação.
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